CONCEITO DE AFETIVIDADE
Waldo Vieira, em seu verbete Afetividade, traz o conceito de afetividade como sendo “o conjunto de fenômenos psíquicos capazes de se manifestar sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”.
No mesmo verbete, Vieira apresenta conceitos de afetividade a partir da Evoluciologia e Psicossomatologia:
De acordo com a Evoluciologia, “a afetividade vai sendo gradativamente superintendida pelo autodiscernimento mais profundo e constante, quando a conscin começa a dominar as emoções dominadoras, instintos e impulsividades, gerados a partir do psicossoma, pelos sentimentos evoluídos derivados do paracorpo do autodiscernimento”.
Pelos conceitos da Psicossomatologia, “a afetividade é indispensável ao desenvolvimento natural da vida humana da consciex ressomada, daí porque, notadamente na puberdade, o carinho aconchegante do lar harmônico pode estruturar melhor a centragem da personalidade adulta bem formada”.
Expressamos afetividade em todas as nossas relações interpessoais, seja ela familiar, afetivo-sexual, amizade, trabalho, ou seja, nos ambientes por onde passamos deixamos nossa marca de afetividade.
No livro Manual da Dupla Evolutiva, Vieira traz o conceito de afetividade como ato de “estima, amor e afetividade, decorrentes de todos os esforços conjuntos a fim de queimar etapas em busca da evolução consciencial” (p. 138).
A afetividade é uma das responsáveis pelo desenvolvimento da consciência na sua integralidade.
A afetividade se relaciona com a empatia – sentimento este de colocar-se no lugar do outro, de sentir o que o outro está vivenciando, cuja ausência impede a expansão da afetividade.
Um melhor controle sobre a pensenidade é componente essencial para o desenvolvimento da afetividade, e este tem como base a expansão da consciência através do autodiscernimento. Neste aspecto, faz-se importante mencionar ortopensata do prof. Waldo no Léxico de Ortopensatas (2019, p. 229) que diz “O primeiro item da Inteligência Evolutiva (IE) é o autodiscernimento, por isso, a primeira cláusula do Código Pessoal de Cosmoética (CPC) deve ser o autodiscernimento teático”.
Ademais, vale destacar que “a afetividade é importante componente da Higiene Consciencial. O fluxo sadio de afeto dependendo do padrão afetivo e do nível de cosmoética das abordagens, pode poluir ou inundar o holossoma de energias saudáveis” (Martins, p. 247).
Quando a conscin possui entendimento dos meandros da afetividade, leva-a ao desenvolvimento de neossinapses que auxiliam na cognição e, consequentemente, na despoluição de emoções e afetos tóxicos, desenvolvendo e mantendo afetividade sadia na convivência entre as conscins.
Partilho observação trazida pelo autor acima mencionado em sua obra Higiene Consciencial, na página 247, que ainda faz muito sentido nesse planeta hospital. Contudo, assim como a intenção dos intermissivistas é tornar este um planeta escola, temos que a afetividade sadia deve deixar de ser considerada utopia e tonar-se realidade, sendo que para isso é preciso que as consciências olhem para o psicossoma e busquem fazer as reciclagens necessárias, fechando assim suas cicatrizes emocionais e ascendendo na escala evolutiva.
O afeto está diretamente ligado ao desenvolvimento da consciência, pois este é responsável pela ativação da atividade intelectual e o desenvolvimento da cognição, atuando como fator propulsor para tanto. Uma criança que recebe afeto na infância possui chances maiores de desenvolver-se como um adulto com melhor desenvolvimento intelectual e emocional, com sentimentos sadios (Jean Piaget, no trabalho “Les relations entre l’intelligence et l’affectivité dans le développement de l’enfant”).
Segundo o Paradigma Consciencial, a cognição corresponde ao pen – ideia, raciocínio, à afetividade ao sen – sentimento, emoção e, ao ene – energia emitida pela consciência, o agente realizador do trabalho.
Sendo assim, compreende-se que não se pode emitir ideia sem sentimentos e também não é possível pensar sem exteriorizar energia, um está atrelado ao outro.
Ademais, a demonstração de afeto pode ser através de palavras e expressões corporais, visando a predominância da amabilidade, buscando inclusive, em momentos de conflito lembrar-se dos aspectos positivos que levaram as consciências a construir laços de afetividade, restabelecendo dessa forma, a convivência sadia entre o casal, o grupocarma e as demais consciências com as quais possui interação continua (Bergonzini e Zolet, 2020, p. 242).
AFETIVIDADE E AUTODISCERNIMENTO
É importante o entendimento do binômio discernimento-afetividade para que se possa expressar a afetividade de forma sadia. De acordo com Vieira, em seu verbete Autodiscernimento Afetivo:
O autodiscernimento afetivo é o ato ou efeito de discernir e determinar a capacidade pessoal de dominar as próprias emoções por meio das autorreflexões, ponderações e equilíbrio autopensênico, separando, com lógica, a influência nefasta dos surtos emocionais das decisões racionais evoluídas.
A característica de uma consciência mais equilibrada, madura, serena, genuína, mais racional, mentalsomática e não emocional, expressa sentimentos sadios, elevados, como empatia, compreensão, amabilidade, ternura, generosidade, gentileza, zelo, dentre vários outros que depuram o psicossoma.
Contudo, a afetividade pode ser carregada de emoções doentias, imaturas, sentimentos torpes como a raiva, paixão arrebatadora, ódio, nojo, ciúme, mágoa, carência, amargura, etc. Essa afetividade é carregada de ilusão, ficção, de ausência de controle emocional.
Muitas consciências acreditam que a exacerbação emocional é sentir-se vivo, possuem prazer expressando-se assim. Isso é instinto de bicho e não é homeostático, uma vez que caracteriza um estado alterado de consciência comocional.
Para Vieira, em Manual da Dupla Evolutiva, página 132, “o padrão do afeto da dupla evolutiva dever ser explícito, com emoção e sentimento, onde os parceiros se abraçam, se tocam e se curtem, independentemente do mundo ao seu derrodor”.
AUTOAFETIVIDADE
A base da afetividade é a autoafetividade. O autoafeto é o primeiro fator para desenvolver a heteroafetividade. Ao desenvolver a autoafetividade, a autossegurança, o autorrespeito, o autoamor é consequência.
A autopesquisa é de extrema importância para o desenvolvimento da autoafetividade, conhecer seus trafores, trafares, trafais, gostar do seu nome, do seu corpo, estar satisfeito consigo são fatores de grande relevância para o desenvolvimento da autoafetividade sadia.
Quando não se desenvolve o autoafeto, a busca pelo afeto no outro será de forma mais excessiva, transformando-a em uma pessoa energívora, que nunca estará suprida de afeto por mais que haja doação equilibrada, sendo uma busca patológica de afeto, eivada de carência e desiquilíbrio.
Dessa forma, para que se desenvolva afetividade sadia, é preciso desenvolver a aceitação, aceitar que as pessoas pensam e funcionam diferente de você, aprender a fazer concessões, ser flexível, aceitar ao máximo, mas desde que não comprometa o seu autorrespeito.
Aceitar o outro, dentro de suas limitações, é auxiliar para a interassistência, pois faz parte da afetividade sadia.
CONCLUSÃO
Afetividade sadia para mim é quando a consciência se mantém com a troca energética na maior parte do tempo estável, com pensamentos e sentimentos elevados, quando consegue dominar suas emoções e mantê-las equilibradas, vibrando amor, respeito, empatia.
Quando a consciência olha para o outro e consegue entender que talvez ela esteja em um momento evolutivo diverso do seu, aceitando-a, portanto, o outro da forma como ele é, certamente é um ato de afeto, amor, respeito.
REFERÊNCIAS
Balona, Málu. Autocura através da Reconciliação: estudo prático sobre afetividade. 4ª ed. – Foz do Iguaçu. Associação Internacional Editares, 2015.
Bergonzini, Everaldo e Zolet, Lilian. Convivialidade Sadia: reflexões conscienciológicas sobre a harmonia nas relações interpessoais. Foz do Iguaçu, Editares. 2020.
Corrêa, Ricardo. Dicionário de Afetividade Positiva: Proposição de Estudo Psicossomático. Glasnost Ano 3, N° 3, Julho 2016.
Haymann, Maximiliano, A Relação Emoção-Imaginação no Autodomínio Psicossomático, p. 191. Artigo, Conscientia, Revista. 10(2): 183-192, abr./jun., 2006.
Martins, Eduardo. Higiene Consciencial: reconquistando a homeostase no microuniverso consciencial. 1ª ed. - Foz do Iguaçu, PR, Editares, 2016.
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Vieira, Waldo; Afetividade Duradoura; verbete; In: Vieira, Waldo; Org.; Enciclopédia da Conscienciologia; verbete N. 2127, apresentado no Tertuliarium / CEAEC, Foz do Iguaçu, PR; 26.11.2011; disponível em: http://encyclossapiens.space/buscaverbete/index.php; acesso em: 10.08.2021; 21h15.
Vieira, Waldo; Autodiscernimento Afetivo; verbete; In: Vieira, Waldo; Org.; Enciclopédia da Conscienciologia; verbete N. 867, apresentado no Tertuliarium / CEAEC, Foz do Iguaçu, PR; 27.05.2008; disponível em: http://encyclossapiens.space/buscaverbete/inde x.php; acesso em: 10.08.2021; 22h00.
Vieira, Waldo. Manual da Dupla Evolutiva.3ª ed., Foz do Iguaçu, PR, Editares, 2012.
Vicenzi, Eduardo. Assistência por meio da Afetividade. Artigo, Conscientia, Revista. 9(1): 23-37, jan./mar., 2005.
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